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Quando o remédio vira prisão: a história real de quem quis desmedicalizar a própria vida!

  • Foto do escritor: Daniela Cracel
    Daniela Cracel
  • 6 de abr.
  • 2 min de leitura

Quando o remédio vira prisão: a história real de quem quis desmedicalizar a própria vida.


Por Daniela Cracel



Ela tinha 13 anos. Um diagnóstico. Um rótulo. Um comprimido.


Laura Delano ouviu que tinha transtorno bipolar e, a partir daí, seu destino foi desenhado por manuais psiquiátricos, diagnósticos empilhados e receitas cada vez mais fortes. A cada ano, mais medicamentos. A cada tentativa de viver, mais limitações impostas por uma estrutura que, mesmo bem-intencionada, a ensinou que sua dor era um desequilíbrio químico — e não uma história a ser ouvida.


Em sua autobiografia recém-lançada, Unshrunk: A Story of Psychiatric Treatment Resistance, Laura não apenas narra sua jornada por mais de uma década sob intensa medicalização, mas nos faz pensar: até que ponto estamos cuidando — ou silenciando?


Quando tratamos sintomas sem ouvir histórias, corremos o risco de amputar subjetividades.


É claro que a psiquiatria tem seu papel. Existem transtornos sérios, que pedem intervenção. Mas o que Laura denuncia é um sistema que cala. Que embota. Que reduz a complexidade humana a protocolos. Ela conta como, ao tentar sair do turbilhão de diagnósticos e remédios, foi considerada “resistente”. Como se o desejo de sentir a própria vida fosse um desvio de conduta clínica.


Essa resistência — chamada de “não aderência ao tratamento” — pode, na verdade, ser um grito por autonomia. Por escuta. Por humanidade.


Quantos Lauras conhecemos? Quantas vidas estão sendo remediadas antes de serem compreendidas?


É urgente repensar. Não se trata de demonizar a medicação, mas de devolver à escuta clínica o espaço que ela perdeu. De lembrar que um diagnóstico não deve ser uma sentença. E que o sofrimento não é, sempre, uma doença.


O livro de Laura escancara uma ferida coletiva: a tendência de tratar o emocional como defeito. Ela mostra que saúde mental não se cura apenas com substâncias, mas com encontros. Com presença. Com afeto. Com vínculos. E, sim, com tempo.


Na ânsia de calar o choro, esquecemos de perguntar por que ele existe.


Laura sobreviveu. Hoje, vive sem os rótulos e medicamentos que um dia engessaram sua existência. Mas e os que não conseguem sair? Os que continuam presos entre caixinhas e efeitos colaterais, sem saber que existe um outro jeito?


Essa matéria é um convite: escute. Duvide. Acolha. E, acima de tudo, respeite a complexidade do humano.

 
 
 

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