Série da Netflix escancara Misoginia Adolescente!
- Daniela Cracel
- 26 de mar.
- 2 min de leitura
Série da Netflix escancara misoginia adolescente: onde estão os pais?
Por Daniela Cracel

Recentemente, uma série da Netflix colocou os holofotes sobre um tema incômodo, mas necessário: a cultura da culpa e do ódio direcionados às mulheres, especialmente entre adolescentes. O roteiro é ficção, mas reflete comportamentos reais, que se manifestam nas escolas, nas redes sociais e até dentro de casa. A pergunta que ecoa é: onde estão os pais?
Nos últimos anos, temos visto crescer uma onda de discursos que colocam a mulher como vilã: “ela mentiu”, “ela provocou”, “ela se fez de vítima”. Isso não surge do nada. Em algum momento, esses adolescentes foram ensinados — ainda que indiretamente — a ver a mulher como um problema. Seja pelo desprezo à dor feminina, seja pela normalização de piadas e agressões veladas, a misoginia juvenil é um sintoma de algo muito maior.
Mas, e os pais? O trabalho, o cansaço e a falta de tempo são justificativas comuns para a ausência emocional na vida dos filhos. No entanto, a pergunta precisa ser mais profunda: estamos educando nossos filhos ou apenas supervisionando suas vidas?
Muitos pais só percebem o problema quando já está instaurado: o filho repete discursos de ódio, menospreza meninas, compartilha conteúdos misóginos. E, quando isso acontece, a reação costuma ser de choque e negação: "meu filho jamais seria assim". Mas ele é. E o que podemos fazer a partir disso?
Iluminando o caminho: como resgatar esses adolescentes
O primeiro passo é reconhecer que a culpa não é apenas da internet, dos amigos ou da escola. A família tem um papel essencial. Conversar sobre sentimentos, validar frustrações e ensinar respeito é parte do processo. A raiva mal elaborada de um adolescente pode rapidamente se transformar em ódio, e ódio precisa de um alvo. Se os pais não ajudam a processar essas emoções, alguém fará — e nem sempre de forma saudável.
A adolescência é um período de transformação, em que o desejo de pertencimento pode levar a comportamentos extremos. Por isso, estar presente não significa apenas impor regras, mas criar espaços de diálogo, onde meninos aprendam que vulnerabilidade não é fraqueza e meninas entendam que sua voz tem valor.
A sociedade, de fato, está desorganizada. Mas dentro de casa ainda é possível construir pilares sólidos. O que estamos ensinando aos nossos filhos? Estamos incentivando a empatia ou apenas passando mensagens automáticas de “não se mete nisso”? Estamos ajudando nossos filhos a lidar com suas dores ou estamos apenas esperando que cresçam “do jeito certo”?
Assistir a séries que escancaram essa realidade pode ser um convite para reflexão. E você, pai, mãe, responsável: já perguntou ao seu filho o que ele pensa sobre isso? Mais do que respostas, talvez seja o momento de escutar.
Comments